DISCURSO DA CERIMÔNIA DE POSSE VIRTUAL AIEB DE 08.06.2023
Senhoras e Senhores,
Nesta última terça-feira, aqui em Sorocaba, interior de São Paulo, de onde vos falo, ocorreu uma noite histórica, concorrida, sublime, efervescente.
É que tivemos o prazer de empossar 28 acadêmicos no formato presencial e celebrar com homenagens três importantes pensadores, ativistas e líderes culturais desta terra.
Noite bela, sublime e charmosa, não apenas pelo brilho dos convidados e acadêmicos ali presentes, mas também pelo cantar suave e empolgante da confreira Teresa Baddini, e também pela voz suave e presença elegante da cerimonialista e confreira Rita Araújo.
Noite efervescente pela presença dos melhores fotógrafos da cidade, por estarmos num tradicional espaço cultural, e por encontrarmos acolhida no coração da Câmara de Vereadores e da Prefeitura deste município.
Senhoras e Senhores, confrades e confreiras,
Não menos excepcional e esperada é esta noite, e apesar do feriado, estamos aqui. Unidos, animados, efusivos, emocionados. Em torno de um objetivo em comum. De uma missão de todos nós. De um resgate, de uma luta, de uma busca, de um sonho.
Há 125 anos atrás, na então Capital do Brasil, Rio de Janeiro, escritores e pensadores do gabarito de Machado de Assis, Lúcio de Mendonça, Inglês de Sousa, Olavo Bilac, Afonso Celso, Graça Aranha, Joaquim Nabuco, Teixeira de Melo, Visconde de Taunay e Ruy Barbosa, se juntaram para compor um grupo de quarenta membros efetivos e perpétuos e por vinte sócios estrangeiros.
Ali eles tinham por objetivo o cultivo da língua portuguesa e da literatura brasileira. Aquela instituição, ainda hoje, é responsável pela edição de obras de grande valor histórico e literário, e atribui diversos prêmios literários.
A ABL foi formada nos moldes da Academia Francesa, de modo tradicional, com 40 membros e cadeiras numeradas. Como igrejas, bibliotecas, escolas e livrarias, as Academias se proliferaram no país.
E hoje, ao menos para nós da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil, num mundo pós-moderno, tecnológico, de cidadãos cosmopolitas e globalizados, já não vemos mais o sentido de manter a tradição de um grupo pequeno de pensadores sob a égide de um único local, tratativas e missão. Também não vemos, ao menos para nós da AIEB, neste novo e desafiador mundo, motivos para dificultar tanto o acesso democrático às Academias.
Num mundo que necessita tanto de pensadores, escritores, livros e poetas - não vemos motivos para impedir a entrada e participação daqueles que estejam minimamente preparados, e demonstrem tino e propensão para essa missão.
Num mundo em que crescem as mazelas, em que aumentam os dissabores, em que são contínuos e sem freios os crimes, as drogas, a violência, o desrespeito e a ignorância... num mundo que inverte os valores e muitas vezes destaca e premia as pessoas erradas, as causas equivocadas e as lutas perdidas... num mundo que livrarias são fechadas, bancas, jornais e revistas já quase não existem mais... num mundo descrente, em descrédito e sem meritocracia – é papel de cada um de nós, mais que nunca, fazer a diferença.
É vez de as Academias se unirem em prol de objetivos comuns.
É tempo de as Academias voltarem a fazer um trabalho pela nação.
É nossa chance de fazer diferença real na vida da sociedade.
É nosso tempo de inspirar, criar e se necessário pressionar políticas públicas voltadas à educação e cultura que fujam do padrão comum, do básico realizado, do mínimo acolhido.
É nossa hora de brilhar em todos os cantos do país por um Brasil melhor – por brasileiros melhores – por crianças que possam crescer com melhores instruções, modelos de vida e ensinos.
É nosso dever fazer a diferença na vida da Nação, a começar por cada um de nós.
É nosso dever voltar a dar o devido valor para palavras e atitudes tão esquecidas como a ética, o caráter, os bons princípios, a sabedoria, o mérito, o respeito mútuo, a civilidade e a honestidade.
É nossa chance de volver nossos olhos novamente para Deus, e encontrar - artistas e pensadores que somos – nas cores, detalhes e sentimentos de cada obra criada, a razão para crer. A esperança para continuar. A força para prosseguir. O desejo para vencer. A fé para sorrir e a coragem para lutar.
É nossa chance olhar novamente para as estrelas com novos olhos e olhares. Olhar para as pessoas não de cima para baixo, mas enxergando-as em sua exata dimensão – nossos irmãos e irmãs, que necessitam de nosso auxílio, de nosso abraço, de nosso ensino, de nosso olhar, de nosso carinho, de nosso tempo.
É nossa chance de fazer e acontecer onde o Estado não faz e não chega.
Mostrar a todos que não somos um grupo de intelectuais destinados à solidão dos monastérios ou ao sentimento de vaidade, do orgulho e da ambição.
Mostrar a todos que não somos um grupo meramente teórico, dado apenas ao ganho e exposição de troféus, louros e medalhas – mas um grupo de sábios, que unidos podem transformar a vida das pessoas, das cidades, dos Estados, do país e do mundo.
Senhoras e Senhores,
Existem pessoas sublimes em nosso meio.
Leitores de milhares de livros; portadores de currículos de 300 páginas; príncipes herdeiros de famílias nobres; presidentes de Academias e Instituições fantásticas; médicos dos maiores e melhores hospitais; influencers com quase meio milhão de seguidores; educadores da mais alta estirpe; CEOs, empresários, grandes advogados e juristas; gestores públicos, ativistas, grandes escritores e poetas dos mais relevantes do Brasil.
Não estamos frágeis, não estamos sozinhos, existem muitos de nós.
Mas nada disso valerá se não vivermos com sabedoria.
Se não aprendermos a respeitar as pessoas, a viver em humildade diante de Deus e da vida...
Se não aprendermos a valorizar e honrar nossa família, nossos mestres de outrora, e todos aqueles que lutaram e batalharam antes de nós, para que hoje estivéssemos aqui.
Certa vez disse Carl Jung e com grande razão:
“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”
E é justamente disso que mais precisamos nesta fase da história. Hombridade e ousadia, coragem e espírito de luta, corações aguerridos e prontos para o embate – mas sempre com ternura, mantendo o pacifismo sempre que possível, tolerando, sentindo, estando dispostos a perdoar, e sempre dispostos a amar.
Nesta noite, a Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil, empossa mais 52 pessoas.
E não podemos parar por aqui.
Não somos mais um exército de um homem só,
Não estamos mais sozinhos a lutar uns contra os outros e muitas vezes contra nós mesmos.
Agora estamos irmanados numa luta, num objetivo, num sonho comum:
- Agradecer a Deus pelo talento, capacidades, competências e condições que Ele nos deu,
- e ter, através de nossas vidas e da Academia, condições de devolver tudo isso para a sociedade.
Por isso, em algumas semanas e meses, muitos de nós iremos para as escolas de todo o país; estaremos nos unindo em grupos de debates, de escrita, de projetos, de palestras, de planos cada vez maiores e eficazes que passaremos a ter, e partilhar uns com os outros, não apenas a favor de cada um de nós, mas a favor do mais necessitado, do mais desamparado, do mais esquecido de nossos concidadãos pátrios.
Vocês serão entrevistados para que suas vidas possam impactar outras vidas.
Relataremos seus escritos para que eles tomem vida, adquiram força e alcem voos ainda mais altos.
Publicaremos seus poemas para que sejam eternizados.
Premiaremos a competência e a honra de nossos pares sempre que possível.
Nos satisfaremos não apenas com o que é nosso, mas com o que é de todos nós.
Festejaremos as vitórias e conquistas alheias com o mesmo amor e emoção que festejamos os nossos bons momentos e conquistas.
Choraremos e sorriremos juntos.
E eu, Presidente da AIEB, estarei sempre aqui por vocês.
Para orar, aconselhar, dar o ombro amigo.
E cresceremos. E avançaremos mais e mais até onde possam chegar os nossos sonhos.
Não podemos imaginar onde estaremos e onde chegaremos daqui um ano. O que sabemos e podemos mensurar hoje é esse grupo fantástico de 93 acadêmicos que se interessam e que lutam diariamente por um Brasil melhor.
Agradeço a Deus, pela vida de cada um de vocês.
Agradeço a Deus, pela AIEB.
Agradeço a Deus por minha vida. E se minha vida puder tocar outra vida, inspirar outra vida, transformar outra vida – tudo terá valido a pena.
Senhoras e Senhores, irmãos e irmãs:
Deus te abençoe e te proteja sempre!
E sejam muito bem-vindos à Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil!
*Nelson Malzoni*
Presidente da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil
06 de junho de 2023